Os modelos de atenção à saúde na escola e saúde escolar

Os modelos de atenção à saúde na escola e saúde escolar

Na literatura científica, observa-se que há dois modelos distintos de cuidados de saúde à criança na escola: atenção à saúde na escola e o de saúde escolar.

O modelo de atenção à saúde na escola foi difundido pelo Programa de Saúde na Escola (PSE), articulando linhas de cuidado como diretrizes orientadoras para a ação da Estratégia de Saúde da Família na rede de atenção básica à saúde.  O Programa de Saúde na Escola foi instituído pelo Decreto Presidencial nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007 como uma política intersetorial da Saúde e da Educação. Ele garante ações de prevenção, promoção e atenção à saúde realizadas pelas equipes de Saúde da Família com objetivo na detecção precoce para hipertensão arterial, agravos de saúde negligenciados, distúrbios da visão, audição, nutricionais e psicossociais de forma consultiva e visitas agendadas na escola.

No modelo de saúde escolar, há um ambulatório de saúde dentro da escola com um profissional de saúde especializado, a enfermeira de saúde escolar, no ambiente da escola. Portanto, um modelo assistencial difundido em alguns países como Canadá, Estados Unidos, Japão e o Reino Unido que promove a inclusão das crianças com traqueostomia em escolas regulares de forma segura e coordenada por um enfermeiro de saúde escolar. Esse profissional da saúde tem um papel crucial não só na prestação de serviços diários de cuidados de saúde, como também manter a comunicação aberta e fluida entre todos que participam do convívio dessas crianças no ambiente escolar (diretores, professores, secretárias e pessoal de apoio) (GRUNDFAST; RUNTON; LOEFFEL-WINES, 1988; MAHOMVA et al., 2017; PUFPAFF et al., 2015).

Naqueles países, a presença do enfermeiro de saúde escolar em tempo integral na escola permite a execução de demandas de cuidado diárias e de emergências às crianças com demandas de cuidados de saúde especiais, como por exemplo na ocorrência de uma decanulação acidental, obstrução por secreção que culmine numa emergência respiratória. Esse profissional de saúde escolar também realiza orientações verbais face-a-face para atender às demandas de cuidados de saúde dessas crianças e procedimentos formais por escrito na preparação dos professores e comunidade escolar para realizar os procedimentos que atendam as demandas de cuidado dessas crianças (ESPERAT et al., 1999). 

De acordo com o estudo sobre as percepções de enfermeiras de saúde escolar e professoras sobre crianças com necessidades de saúde especiais nas escolas públicas, o modelo estabelece um sistema de gestão de informação eficaz, uso eficaz de comunicação entre os participantes, apoio administrativo facilitador do desenvolvimento do senso de competência dos profissionais no cuidado a criança com necessidades de saúde especiais. Um programa bem planejado e adequadamente apoiado contribui para mudar as atitudes das pessoas em relação à inclusão da criança com necessidades de saúde especiais na sala de aula. (ESPERAT et al., 1999)

As crianças com traqueostomia precisam de um modelo de saúde que permita a colaboração adequada entre a escola e um conjunto consistente de cuidadores da criança com a traqueotomia, tanto dentro quanto fora do ambiente de saúde são de suma importância para garantir a permanência dessas crianças na escola. Sem essa articulação dos setores saúde e escola no cuidado, as escolas sozinhas não forneceriam suporte adequado aos alunos com necessidades de cuidado de saúde especiais.

A partir da sua experiência sobre a inclusão da criança com traqueostomia na escola, quais cuidados seriam possíveis de serem adotados pela escola e como poderiam ser articulados entre as equipes de saúde e educação ?

 

Fonte:

BRASIL. DECRETO No 6.286, DE 5 DE DEZEMBRO DE 2007, Institui o Programa Saúde na Escola - PSE, e dá outras providências. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6286.htm

ESPERAT, M. C. R.; MOSS, P J.; ROBERTS, K. A.; et al. SPECIAL NEEDS CHILDREN IN THE PUBLIC SCHOOLS: Perceptions of School Nurses and School Teachers. Issues in Comprehensive Pediatric Nursing, v. 22, n. 4, p. 167–182, 1999. Disponível em:

http://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/014608699265266

GRUNDFAST, K. M.; RUNTON, N.; LOEFFEL-WINES, M. Gaining access to school for the child with a tracheostomy. International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology, v. 16, n. 2, p. 101–112, 1988. Disponível em:

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0165587698900337?via%3Dihub

MAHOMVA, C.; HARRIS, S.; SEEBRAN, N.; et al. Improving access to school based education for South African children in rural areas who have a tracheostomy: A case series and recommendations. International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology, v. 92, p. 186–192, jan. 2017. DOI: 10.1016/j.ijporl.2016.11.018. Disponível em:

https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0165587616304177

PUFPAFF, L. A.; MCINTOSH, C. E.; THOMAS, C.; et al.. Meeting the health care needs of students with severe disabilities in the school setting: Collaboration between school nurses and special education teachers. Psychology in the Schools, [S. l.], v. 52, n. 7, p. 683–701, 2015. DOI: 10.1002/pits.21849. Disponível em:

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/pits.21849

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